Se cumple ahora un siglo del alzamiento monárquico en el norte de Portugal que, entre enero y febrero de 1919, intentó retornar a las raíces tradicionales portuguesas frente a la República que asaltó el poder 5 de octubre de 1910.
Por su gran interés y claridad reproducimos el artículo de nuestro querido amigo D. José A. Peres da Silva Bastos que, en la bella lengua portuguesa, habla sobre esta efemérides lusa.
MONARQUÍA DO NORTE...!
Escreve-se este pequeno texto, com caneta tinteiro, e não com caneta esferográfica, instrumento deformador de caligrafia, assim merecem, sem qualquer borrão de tinta, os heróis do movimento que no primeiro quartél do século XX, decidiram com “coragem desmedida” restaurar a monarquia em Portugal. A esse temerário acto de resaturação monárquica, que ocorreu em 1919, ficou conhecido como “Monarquia do Norte, tal adesão que obteve em terras do norte até ao Rio Vouga. Vigorou apenas 25 dias (19 de Janeiro de 2019 - 13 de Fevereiro de 2019), na capital provisória do Reino de Portugal, a cidade do Porto.
Os heróis do movimento, liderados pelo Coronel Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, não quiseram saber das hipóteses de vitória, queriam acima de tudo, reafirmar que ainda existia um Portugal, pelo qual valia a pena lutar...um Portugal que ainda estava vivo, e que poderia resurgir, após aquele fatidico dia 5 de Outubro de 1910, em que tudo se transfigurou em República Portuguesa, infelizmente, em muitos aspectos, até aos dias de hoje.
Acto heróico, digno de deuses do olimpo, de parcos meios, mas repletos de sentido de lealdade com a história, aquele que sempre esteve na base dos seus juramentos, à Pátria e ao Rei, aquele principio insubstituível que nos molda a personalidade e a ética...não traíndo. Os heróis da “Monarquia do Norte”, eram homens de forte personalidade e de tempera dificil de quebrar.
Ainda hoje, para muitos republicanos, é incompreensível entender o porquê, a motivação de tal movimento, visto que a “democracia”, aquele predicado “único” da República, estava instalada no território nacional, há precisamente 9 anos, com um figurino de profunda anarquia, insegurança, pobreza, sem cumprir os seus reais objectivos a que se tinha proposto, e com uma intervenção catastrófica na I Guerra Mundial, atitude republicana de consolidação de sistema político.
A monarquia fundacional ainda era uma memória fresca.
Os heróis portugueses do movimento, eram dignos cavaleiros oriundos dos manuais de cavalaria, que não vacilavam perante as adversidades, e tinham objectivos claros, que suplantavam os temores e as consequências do acto que empreenderam...se tal fosse necessário, dariam as suas próprias vidas.
Proclamación de la restauración de la Monarquía en Viana do Castelo (19 de enero de 1919)
Lealdade.
Os actos alusivos à evocação do centenário da “Monarquia do Norte”, consagrados em diversas conferências, tertúlias, exposições, promovidos por variadas Reais Associações, nomedamente, do Porto, Lisboa, Braga, Viana do Castelo, Viseu, e que fazem parte da Causa Real, conseguiram com a devida distância temporal, analisar e divulgar, quais os motivos que esse acto heróico de 1919, não conseguiu vingar, retendo um em particular, tema de palestra e insigne comunicação, “O equívoco monárquico de 1919”, do Sr. Professor Doutor Armando Malheiro, e que foi alvo de reportagem/vídeo da TV Monarquia Portuguesa, que tomarei como tópico para os parágrafos seguintes, não descurando todas as intervenções de grande valor histórico e de enorme imparcialidade, que nos permitiram visualizar com mais clareza os acontecimentos desse período. Estão de parabéns pelas iniciativas que realizaram.
As lições da história repetem-se, com diferenças óbvias. Se na altura dos acontecimentos, a jovem República lutava pela consolidação, a actual República luta pela sobrevivência, tal a sua incapacidade de responder aos desafios que a globalização impõe sobre as soberanias dos Estados, e aos desígnios, que perante a insuficiente resposta, estamos votados.
As instituições estão fragilizadas.
Com uma IV República a ser construída, em contraponto a uma decrépita III República, os monárquicos não podem subtrair-se da questão de sistema político, criando um novo “equívoco monárquico”, e aguardar serenamente pela mão caridosa, e com mensagens de sentimentos patrióticos e de esperançosas promessas, que a República comatosa, poderá oferecer. A lição dos tempos idos de 1917, e de 1919, são lições que temos que reter...se muitos monárquicos colados ao regime sidonista, como forma de contra-poder a Afonso Costa, não apoiaram o movimento restauracionista, imbuídos de um espírito de “acalmação sidonista”, é o momento de apelar aos monárquicos do “sistema” para reflectir se queremos num futuro continuar a existir como País soberano.
“...perante a globalização e o federalismo, sobreviverão apenas os Países que melhor apresentarem as suas diferenças...”
As conferências promovidas no Centenário da “Monarquia do Norte”, são valiosos testemunhos, que permitem colocar um ponto final nos equívovos da reinstalação monárquica, como um ilustre palestrante afirmou, e consigam iluminar alguma clarividência no caminho a seguir, com o objectivo claro, de restaurar Portugal e a sua Portugalidade no mundo.
O contributo dos actos heróicos e patrióticos de 1919, apesar da linha temporal que nos separa, poderá ser um mote, para um destino que almejamos há muito, como monárquicos...servir Portugal.
Portugal.
Paiva Couceiro, líder de la Monarquía del Norte
“Falta cumprir Portugal”, afirmou em verso o grande poeta, completando o trabalho do Coronel Paiva Couceiro e seus companheiros de armas, de 1919, Se, para os adeptos da República, o dia 31 de Janeiro de 1891, foi um alertar para a implantação da Reública de 5 de Outubro de 1910, porque não, os 25 dias da “Monarquia do Norte” serem o arranque para a restauração monárquica, era uma justa homenagem aos heróis da “Monarquia do Norte”.
VIVA O REINO DE PORTUGAL!
José A. Peres da Silva Bastos